domingo, 12 de agosto de 2007

Debaixo de fogo I

Num campeonato tão competitivo e que movimenta tantos milhões, ser treinador, apesar dos chorudos ordenados, não é tarefa ao alcance de qualquer um. Treinar uma equipa da Premiere League envolve sempre uma dose elevada de pressão, que vai crescendo à medida da ambição do clube. Nesta nova era, com o apetite provocado pela indústria geradora de um negócio à escala mundial, com a mediatização cada vez maior que o futebol inglês e o seu principal campeonato geram e com a mudança de perfil dos presidentes dos clubes, cada vez mais empresários de sucesso em áreas tão díspares, com uma visão menos romântica e mais optimizada no lucro, estes serão apenas alguns dos nomes que estarão em constante ebulição, comandando "navios" em águas pouco pacíficas:

Alex Ferguson - A "raposa velha", como é conhecido nos meandros futebolísticos, é o rosto por detrás do sucesso, cada vez maior, dos "reds". Num trabalho que já leva duas décadas, é o treinador que, nesta altura, menos pressão sentirá, apesar da mudança no trono presidencial, ocupado agora pelos americanos Glazer. Fergunson saberá que, independentemente dos resultados, o lugar continuará a ser seu. Pode parecer algo estranha esta análise, atendendo aos "rios" de dinheiro gastos neste defeso, ultrapassando os 100 milhões de euros, mas um eventual insucesso nas principais provas dificilmente fará cair o escocês do cargo de treinador. Os Glazer, depois das fortíssimas e violentas reacções dos adeptos à sua compra do clube de Manchester, e numa altura em que a situação se encontra pacificada, não quererão, por certo, abrir nova frente de batalha. Mas o insucesso é meramente um cenário hipotético. Com o plantel à disposição, o Manchester corre o risco de tudo vencer. Qualidade não lhe falta. Ambição também não, que o vício de vencer não retirou a vontade a Ferguson.

José Mourinho - Pelos resultados alcançados nos 3 anos de Chelsea, Mourinho aparentemente está numa situação sólida. 6 títulos em 3 anos, em qualquer outro clube inglês, eram uma excelente almofada para suster um eventual insucesso, sobretudo se nos lembrarmos que, em mais de 100 anos de história, os "blues" londrinos conquistaram apenas 3 campeonatos, dois deles sob a égide do "special one". Mas o Chelsea, de Abramovich, é diferente. Desde logo pelo facto do oligarca russo ter financiado as astronómicas aquisições que afamaram o clube. Depois, porque o fez numa óptica de ascensão social, comprando um clube que, de certa forma, o ajudasse a limpar um pouco a imagem de homem de negócios com pouca ética. Para finalizar, porque o insucesso europeu de um projecto milionário tem custos. Assumidos em surdina, num braço-de-ferro ao longo da temporada passada, entre patrão e assalariado, com as relações de Mourinho e Abramovich a ficarem definitivamente comprometidas. Este ano, soube-se pela voz de Peter Kenyon, o braço direito do russo, que Mourinho terá que vencer a Champions. Será legítimo exigir isso ao treinador português? Sim e não. Sim, porque um clube com o orçamento do Chelsea tem, obrigatoriamente, que vencer uma grande competição europeia. Não, porque o Chelsea não é o único a almejar, todos os anos, o sucesso na mais elitista prova da UEFA. E também não é o único a ter milhões para desbaratar no mercado de jogadores. Mourinho, é justo dizê-lo, colocou os londrinos num patamar de excelência que nem o mais optimista dos adeptos esperaria, num tão curto espaço de tempo. Como disse acima, em 20 anos de Manchester, Alex Ferguson tem uma mísera Liga dos Campeões ganha, com a dose de sorte para sempre ligada a essa vitória. Em 3 anos no Chelsea, Mourinho levou a equipa a duas dramáticas meias-finais da referida prova. Derrotado, ambas as vezes, pelo Liverpool de Benitez, com algum azar e polémica à mistura. Não atingiu o objectivo, é certo, mas denota que a equipa é competitiva. Se ela será capaz de vencer a prova este ano, isso é que já é outra história...
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2 comentários:

Anónimo disse...

Paulo, concordo com a tua análise. O Mourinho está metido num cabo de trabalhos. Não lhe perdoarão outro falhanço na Champions, o k será algo injusto, pois colocou o Chelsea num patamar em que eles nunca estiveram. Por outro lado, aconteça o que acontecer, o Fergunson está como quer. Intocável.

Um abraço

Anónimo disse...

Paulo, somos dois a pensar da mesma forma. Como habitualmente, mal Mourinho começou a ganhar, surgiram logo os jornais ingleses dizerem k ele só venca pelo dinheiro do russo, escamoteando tudo o k ele fez no Porto. Mas, se isso serve de argumento para ele, tb servirá para os outros? Atão o Manchester não é um clube riquissimo? Fergunson não teve sempre grandes - e caros - jogadores? Ainda este ano gasta uma quantia astronomica, e eles o k dizem?
Por isso, sempre Chelsea, sempre Mourinho, para fazer esses ingleses engolirem mais uns sapos. Vai ser dificil, mas acredito no Special One. Se o mandarem embora, é o enterro do Chelsea. Só a manifesta má sorte nos penaltys, e um erro crasso do árbitro, impediram k essas meias-finais k falas fossem vencidas.

Um abraço,